Fez-se história na conquista do espaço, mas há um sinal de preocupação. Existem indícios de um problema durante o disparo dos arpões para fixar o robô, o que poderá comprometer as ambições científicas.
Uma das imagens da derradeira aproximação ao cometa / ESA via Getty Images. |
A odisseia no espaço durou dez anos. Ao todo foram 6,4 mil milhões de quilómetros percorridos para chegar a 12 de novembro e fazer-se história. Philae, o primeiro engenho feito na Terra consegue o inédito: separa-se da nave mãe, a Rosetta, com sucesso, e pousa num comenta - o 67 /Churyumov-Gesasimenko, descoberto em 1969. Mas ao anúncio da Agência Espacial Europeia na tarde desta quarta-feira, sobrepôs-se um contratempo: um problema no sistema de ancoragem do robô.
Os cientistas estão preocupados com o culminar da descida de sete horas, tudo indica que os arpões destinados a fixá-lo na superfície não funcionaram. "A sonda pode ter saltado", afirmou Stefan Ulamec, um dos responsáveis que acompanhou o controlo do pouso do Philae a partir do DLR - Centro Aeroespacial alemão. "Talvez hoje não tenhamos pousado uma vez, mas duas. Esperemos continuar na superfície e possamos prosseguir a nossa sequência científica", acrescentou.
Enquanto não surgem certezas sobre o local onde se encontra e como terá decorrido o contato com o corpo celeste - as respostas podem levar horas -, os responsáveis pelo voo procuram estratégias de fixação do Philae, a mais de 500 milhões de quilómetros da Terra. Com um peso de 100 quilos, que se tornou "virtual" na superfície do cometa, o risco é de este perder-se no espaço.
Os cientistas acreditam que os cometas são uma espécie de cápsula, que remonta à formação do sistema do solar, e as moléculas orgânicas na sua composição possam fornecer pistas sobre o enigma das origens da Terra e do sistema solar.
A sonda Rosetta entrou na órbita do cometa a 6 de agosto, depois de ter iniciado a viagem em 2 de março de 2004, num projeto que recebeu luz verde em 1993. O derradeiro pouso deu-se neste 12 de novembro às 16h02. "É um grande passo para a civilização humana", palavras de Jean Jacques Dordain, diretor-geral da Agência Espacial Europeia. Além da recolha de amostras de partículas, o objetivo é acompanhar a sua rota em direção ao sol e perceber como se comporta. A missão Rosetta termina a 31 de dezembro de 2015 [Expresso].